De pernas pro ar!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os cegos deveriam ser mudos

Carrego o seu tanque blinado nas costas. Você não pode ver. Mas fala e fala. Que me armo e agrido. Se ignoro é porque minha intolerância é meu refúgio. Me protejo porque já me feri demais me colocando à frente nessa batalha insana. Se eu me ferir, que importância tem? Vou pra rua com as feridas ainda abertas. Mas o corte que abro em ti, me arde pra sempre. Em poucos minutos minha solução se torna seu desgosto. Não me comparo, apenas me preocupo. Quero luz, mas se abro as cortinas você se incomoda. A minha verdade é diferente da sua. Mas nossas provas são corrigidas pelo mesmo professor.
O que fazer se tudo o que tenho não me pertence? Se tudo o uso me é emprestado? E se tudo que me é dado me é cobrado? O que fazer se tudo que sinto é profundo demais para ser compreendido? Se tudo que amo é intenso demais para ser retribuído? Se todos que amo me são superficiais? O que farei se cada palavra que digo é mal interpretada? Se todos que me ouvem são feridos? E se me calo o mundo entra em guerra? A injustiça me rasga por dentro. A humilhação é grande, mas arrogância é maior. Me pise, mas não macule a minha santa mãe. Os cegos deviam ser mudos para não machucarem aqueles em que tropeçam.