De pernas pro ar!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Por que o brilho dos meninos nunca dura pra sempre?

Me diz porque o brilho dos meninos nunca dura para sempre?
O encanto dos meninos dura apenas o tempo suficiente para se apaixonar.
E se apaixonando, tudo está perdido. O mundo está perdido. O que fazia sentido não faz mais, o que era errado passa a ser certo...
E quando se dá conta, já se escalou uma montanha tentando alcançar a lua. Lua que na verdade era apenas uma pequena vela, que logo se apaga, ao passar de uma leve brisa.

Basta amanhecer. Aos primeiro raios do sol tudo se vai.
É sempre assim, eles sempre desbotam ao nascer do sol.
Seus largos e reluzentes sorrisos perdem o brilho.
As piadas perdem a graça e o interesse por suas conversas não existe mais.
É então que eles se tornam sem graça.

O dia seguinte é sempre o mais difícil.
O caminho de volta parece mais longo, não é mesmo?
Deve ser porque nos perdemos algumas vezes, e acabamos fazendo breves pausas pelo caminho.

E a lua está lá, brilhando como se fosse dona daquela luz toda.
Mentira dela, lua enganadora. Ela apenas reflete a luz que rouba de um astro maior.
O sono vai chegando, e a gente finge que é feliz só para não ter pesadelo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os cegos deveriam ser mudos

Carrego o seu tanque blinado nas costas. Você não pode ver. Mas fala e fala. Que me armo e agrido. Se ignoro é porque minha intolerância é meu refúgio. Me protejo porque já me feri demais me colocando à frente nessa batalha insana. Se eu me ferir, que importância tem? Vou pra rua com as feridas ainda abertas. Mas o corte que abro em ti, me arde pra sempre. Em poucos minutos minha solução se torna seu desgosto. Não me comparo, apenas me preocupo. Quero luz, mas se abro as cortinas você se incomoda. A minha verdade é diferente da sua. Mas nossas provas são corrigidas pelo mesmo professor.
O que fazer se tudo o que tenho não me pertence? Se tudo o uso me é emprestado? E se tudo que me é dado me é cobrado? O que fazer se tudo que sinto é profundo demais para ser compreendido? Se tudo que amo é intenso demais para ser retribuído? Se todos que amo me são superficiais? O que farei se cada palavra que digo é mal interpretada? Se todos que me ouvem são feridos? E se me calo o mundo entra em guerra? A injustiça me rasga por dentro. A humilhação é grande, mas arrogância é maior. Me pise, mas não macule a minha santa mãe. Os cegos deviam ser mudos para não machucarem aqueles em que tropeçam.

sábado, 28 de março de 2009

E nesse embalo eu vou
Do meu poema torto e piegas
Me desfazendo da derrota
Que a vencer

Do prêmio incômodo
De um sorriso no canto
Do rosto aflito

E talvez, quase que já dançando
No fundo do quadro sofrido
Colorir de branco
Trincar o cristal do seu troféu com meu grito

Sinto dizer,
Não há mais roteiro
Nem cortinas para esconde-lo
E enquanto o gélido silêncio invade o salão
Vejo apenas seu contorno
Na penumbra
Olhos fechados, mãos no rosto
O suor que escorre
Embriagado com o próprio desespero
Na cena principal.

Foto: Melina - Flickr Honey Pie!

quinta-feira, 26 de março de 2009

do brasiliense

A intelectualidade aqui é anos 70.
É vinil, é concreto.
Sem querer, é um pouco Juscelino Kubitschek.
Não tem banquinho, nem violão.
Só um pouco de cigarra cantando no parque da cidade.

terça-feira, 17 de março de 2009

A noite de ontem me lembrou a nossa noite. Digo nossa noite porque foi só o que nos restou, a lembrança de uma noite.

Na estante da nossa história, acabei por abrir uma gaveta diferente.
Encontrei lembranças que achei ter esquecido.
Realmente acreditei que não as veria novamente.
Muito menos imaginei que teria tal reação ao tê-las de volta ao meu quarto.

Com a mão pronta para discar seu número. Não o tenho mais.
Apenas chamei por teu nome.
E por um segundo quase pude senti-lo de volta a meus lençóis.

Então vi o contorno de seus mansos olhos amendoados iluminados apenas pela luz que entrava pela janela.
Novamente beijei a ponta do seu nariz. Me despedi.

Hoje não sei o que dizer da façanha do tempo, que na de esfriar conseguiu tirar faísca do que era gelo.
E de tanto que estudei, aprendi errado.
Mas sigo meu caminho.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Só mais um. Apenas mais um.

Invade.
Corta e rasga por dentro.
Sem permissão, me invade.
É minha fantasia.
Não sabe, mas é.

Completa, entende.
O bem que faz, agride.
Quero tanto, que não posso.
Gerencio, aguardo, sorrio.
Rio. Rio alto.
Acho graça,
Do mundo que eu inventei.

Guardo-me, te guardo.
Presenteio, agrado.
Minto, minto tanto que acredito.

É tempo de mudança.
É tempo de te trazer pra perto.
Tempo de me apressar
De cortar e de colar
De montar e desmontar.
Fazer tudo novo, de novo.

Quero mais, muito mais.
Mas não me atrevo.
Não posso como sempre, não posso. Nunca posso.
Só em sonho.
Piada mesmo.

Nem lhe cobro.
Apenas viajo.
Vou e volto. Fico um pouco, as vezes até muito. Mas sempre volto.
Porque é só mais um. Apenas um.
Nada disso, ora! Deixe eu voltar pro meu jogo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Num dia desses...

Foi preciso, do que mais quero
Essa manhã vir me consolar
Dos problemas mais terrenos
A solução vir do mar

Daquilo que é mais divino
Se preencher meu espírito
Inundando meus olhos
Com inúmeros pixels que não posso guardar

Lente óptica capitadora de constelações
Capture a imensidão imensurável
Da grandiosidade que vejo, que sinto e que me transborda a alma

Como nomear o que não tem nome?
Como explicar o inexplicável?
Como fugir dos clichês mesmo chafurdando-se neles?

Traz de volta aquele serrar de olhos
Onde o vento carrega areia e o sol reflete o mar

Mascaro o som divino com minha playliste descompensada
Reflito ao som do seu rock sobre tudo aquilo que me descompensa
E choro por todo lamento cometido em vão
Enquanto aprecio o encher do meu vazio