De pernas pro ar!

sábado, 28 de março de 2009

E nesse embalo eu vou
Do meu poema torto e piegas
Me desfazendo da derrota
Que a vencer

Do prêmio incômodo
De um sorriso no canto
Do rosto aflito

E talvez, quase que já dançando
No fundo do quadro sofrido
Colorir de branco
Trincar o cristal do seu troféu com meu grito

Sinto dizer,
Não há mais roteiro
Nem cortinas para esconde-lo
E enquanto o gélido silêncio invade o salão
Vejo apenas seu contorno
Na penumbra
Olhos fechados, mãos no rosto
O suor que escorre
Embriagado com o próprio desespero
Na cena principal.

Foto: Melina - Flickr Honey Pie!

quinta-feira, 26 de março de 2009

do brasiliense

A intelectualidade aqui é anos 70.
É vinil, é concreto.
Sem querer, é um pouco Juscelino Kubitschek.
Não tem banquinho, nem violão.
Só um pouco de cigarra cantando no parque da cidade.

terça-feira, 17 de março de 2009

A noite de ontem me lembrou a nossa noite. Digo nossa noite porque foi só o que nos restou, a lembrança de uma noite.

Na estante da nossa história, acabei por abrir uma gaveta diferente.
Encontrei lembranças que achei ter esquecido.
Realmente acreditei que não as veria novamente.
Muito menos imaginei que teria tal reação ao tê-las de volta ao meu quarto.

Com a mão pronta para discar seu número. Não o tenho mais.
Apenas chamei por teu nome.
E por um segundo quase pude senti-lo de volta a meus lençóis.

Então vi o contorno de seus mansos olhos amendoados iluminados apenas pela luz que entrava pela janela.
Novamente beijei a ponta do seu nariz. Me despedi.

Hoje não sei o que dizer da façanha do tempo, que na de esfriar conseguiu tirar faísca do que era gelo.
E de tanto que estudei, aprendi errado.
Mas sigo meu caminho.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Só mais um. Apenas mais um.

Invade.
Corta e rasga por dentro.
Sem permissão, me invade.
É minha fantasia.
Não sabe, mas é.

Completa, entende.
O bem que faz, agride.
Quero tanto, que não posso.
Gerencio, aguardo, sorrio.
Rio. Rio alto.
Acho graça,
Do mundo que eu inventei.

Guardo-me, te guardo.
Presenteio, agrado.
Minto, minto tanto que acredito.

É tempo de mudança.
É tempo de te trazer pra perto.
Tempo de me apressar
De cortar e de colar
De montar e desmontar.
Fazer tudo novo, de novo.

Quero mais, muito mais.
Mas não me atrevo.
Não posso como sempre, não posso. Nunca posso.
Só em sonho.
Piada mesmo.

Nem lhe cobro.
Apenas viajo.
Vou e volto. Fico um pouco, as vezes até muito. Mas sempre volto.
Porque é só mais um. Apenas um.
Nada disso, ora! Deixe eu voltar pro meu jogo.